domingo, 4 de abril de 2010

Quanto amor!?

Vovô nos ama. Papai nos ama. Quanto amor! Crescemos e aprendemos que amor de família é incondicional (idealizado) e dos pais então… Esse além de tudo é obrigação. Ainda muito jovens aprendemos que o amor falha. Os pais se separam. Se os seus não se separam, os de algum amigo o fazem. São lágrimas e um pedaço de coração partido. Adolescentes percebemos que mamãe e papai também erram. Que às vezes se arrependem, que gritam, surtam e por alguns minutos ‘não nos amam mais do mesmo jeito’. Não é justo, afinal, o amor é incondicional. Nos apaixonamos. Ah, o primeiro amor! Sofremos, desejamos a morte, somos incompreendidos pelo mundo. Ninguém sabe o que é amar e não ser amado. São assim: Idas e vindas. De adolescentes de repente somos adultos em busca de um amor para a vida toda, perfeito, alguém que ame a nós, somente a nós da forma como queremos.Mais ou menos como os nossos pais: Um amor incondicional quase como uma obrigação. Rompemos em pranto, em ciúmes, em solidão, em fúria. “Por que eu, meu deus? Por que não tenho alguém?”. Em um mundo de alguns bilhões de pessoas vagamos sozinhos por querer algo que não existe. Algo que nos ensinaram quando nascemos: O amor incondicional. Seres humanos erram. São movidos de sentimentos e por isso, quebram, oscilam, vacilam, tem sonhos, desejos, rancor, amor. Em alguns momentos nossos pais nos amaram e nos amarão menos do que amaram quando nos viram pela primeira vez. Assim como nós, à vezes, não os amamos tanto quanto deveríamos. Mas, isso ninguém admite. É tabu, é proibido, é feio e errado. Errado é fechar os olhos e acreditar que o amor seja tão perfeito a o ponto de nunca falhar. O que nos faz pensar então que seria fácil suprir tanta carência em um outro alguém? Uma alma gêmea? Enquanto buscarmos por algo utópico, uma perfeição desmedida seremos incondicionalmente infelizes. Somos fracos como gravetos ao vento. Girando, girando, girando em busca de um lugar, um aconchego. Mal sabemos que o aconchego de nossas mentes não depende de ninguém além de nós mesmos. Seremos frágeis ao vento enquanto não percebermos que o amor erra, aceita e perdoa. Que o amor se complementa e não é igual. Que é especial e lindo, mas humanos. Que todo ser humano erra, tem suas manias, personalidade própria, necessidades, desejos e condições.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

...

Fico pensando: Será que eu preciso me isolar tanto para perceber que tudo o que me cerca e que eu desprezo, na verdade, é importante? Será que todos nós, os questionadores, precisamos chegar ao extremo para encontrar um sentido na vida, no mundo? A única coisa que eu sinto todos os dias, ao levantar da cama, é um vazio porque não consigo entender. Não entendo as relações familiares, a obrigação de termos um diploma, de arrumarmos um trabalho (e trabalharmos até não termos força para fazer nada mais), de ficarmos ricos (dinheiro é tudo, né?), de sermos obrigados a saber o que queremos fazer, a nossa vocação… De repente, “ser alguém na vida” tornou-se sinônimo de seguir os moldes da sociedade, de sermos um modelo de excelência que inspira os outros.
Somos prisioneiros de uma realidade cruel e escravos de uma falsa liberdade. Se queremos fugir, viajar, sem rumo, buscando felicidade na solidão, o que seremos então? Vagabundos errantes, pobres coitados, doidões… E se eu disser que não me conheço, que não me entendo, que não vejo sentido? Mas sou medrosa, pois me ensinaram que o mundo é perigoso, que se eu sair da linha vou me machucar…
Me ensinaram a temer a liberdade, pois quando livres demais, morremos. Me ensinaram a temer a morte. Mas, toda vez que leio o jornal, que me encontro no meio de muitas pessoas é isso que vejo: Morte. Para mim, estamos todos definhando e gostamos disso.

Sinto uma vontade imensa de ser sincera e sem medo contar para todos que eu acho tudo uma grande merda e que eu não nasci para ser o que querem que eu seja. Não sou uma mentira. Eu nem sei o que sou…



segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"uma semana"


Eu gosto de todas as coisas.
Eu gosto do nada. De forma estranha sempre penso que o tudo e o nada se completam.
Sinto que preciso de algo que me complete.
Dessa vez o que será? Aliás,o que não: O que será?
O quem já existe, é total e intenso em algum lugar entre o meu coração.
O algo inexiste. Por mais que deseje ainda é falho.
Apesar do alguém, dos sonhos e pensamentos haverá sempre algo vagando.
Vago em mim eternamente, sem rumo, buscando encontrar algo que não sei e ninguém sabe.
Qual a relação entre tudo, nada e ninguém? O absoluto gostar e querer.
Eu gosto de uma coisa estranha, eu quero o tudo e o nada.
Na mistura de algo que não entendo só sei que me perco em rascunhos e palavras em passos e compassos
de emoções que me envolve e grita para que viva repartida entre isso e aquilo.
De forma estranha sempre penso que o isso e o aquilo se completam.
Porque se completam?
Se é inexistente.
Se tudo e nada se completam!?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Infinito

Quando criança apreciava a Morte. Não o fato de ver pessoas morrerem e sim, a forma como imaginava o ritual de passagem. O via como uma forma de escape do desespero humano que muitas vezes parecia não ter fim. Ao longo dos anos as coisas não se tornaram muito diferentes, na adolescência ansiei por sua chegada. Por vezes pude senti-la, convidativa, pensativa, chorosa como eu. Tornara-se então, uma companhia.

Após vários encontros quase mortais, hoje, temo a Morte. Sua idéia causa-me dor. Tal dor é causada pela incerteza do que há além. Exatamente o medo da solidão. A Morte, que outrora fora amigável e afável, tornou-se fria e odiosa. Sinto que preciso viver mais.

A morbidez dos fatos ainda me interessa. Sou estranhamente impulsionada a acreditar e refletir sobre os dramas e conflitos do ser humano. Como ser da espécie, vivo, choro, sinto, sou por vezes solitária e angustiada… Respiro o mundo que me cerca. Aprendi a não querer a Morte como companheira. Quero gente, quero vida!

Posso perceber que a solidão não é mérito exclusivo meu e que o mundo da voltas e o fim ainda é incerto, inevitável. Escolhi por viver e me despedi da Morte sem olhar para trás. Quero continuar, não para o sempre ou para o nunca e sim por quem me quer bem, por mim.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

16:12:2009

Como as asas
daquela boboleta
uma canção adormecida.
Era dia de sol
de amor
dia de cuidar.
Jura que volta?
que eu abro os braços
e em meus laços
não te solto mais.

Vira e mexe me pego pesando no passado. Sempre juro deixá-lo de lado e pensar no futuro, mas de um modo estranho ele está sempre invandindo meus pensamentos. Às vezes me faz dar boas gargalhadas e às vezes me faz chorar porque lembranças têm dessas coisas: Não são tão seletivas como gostaríamos que fossem. Quase sempre quando lembro de algo bom ou ruim desejo poder voltar no tempo para reviver os momentos agradáveis que nunca voltaram e modificar os ruins que deixaram marcas em algum lugar lá no fundo do peito. Aí começo a bolar planos mirabolantes de como minha vida poderia ser diferente se esse ou aquele fato mudassem da noite para o dia e acabo percebendo que aquele super clichê é mesmo verdade: Se eu tivesse tomado decisões diferentes, hoje muita coisa não seria como é. Voltar ao passado me faria tomar novos rumos e por isso, no presente eu seria outro alguém. Talvez mais triste, talvez mais feliz… Não sei. Só sei que apesar dos anseios de mudança, quando penso no passado penso como algo que realmente já passou e não pode ser mudado. E sabe o que é mais legal? Com o tempo eu aprendi que o passado deve ser lembrado sim, mas o presente é que deve ser vivido.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Distância

Houve quem dissesse que escrever era a melhor saída, o problema é que a necessidade da troca de olhares é inevitável. Não sei como fazê-la entender o quanto todo esse envolvimento é importante para mim. Em parte a culpa é minha, pois deixei as coisas chegarem a um ponto que nunca deveriam ter atingido. Eu escrevi, e cada palavra está dilacerada e jogada aos pés da minha cama, eu confesso: Não posso tirá-la da minha vida dessa forma. O sentimento é tão forte assim, há uma sintonia tão assustadora que me faz tremer só de pensar em não ter. Um dia aquelas palavras de alguns minutos atrás serão juntadas e recitadas para você como em uma canção de despedida, mas não será hoje e provavelmente não serão as mesma frases. Um “me deixe em paz” é cruel de mais para quem se importa, para quem sente carinho;amor. Só penso em adiar tudo o que sinto me sufoca. 'Porque um dia sei que o verei novamente e mesmo que sejam por algumas horas nós estaremos juntos de novo'. Em silêncio, um significado em todo aquele vazio que restou entre nós.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Eu fiz chover.

Sempre chorei na chuva e mesmo quando não chovia vi chover cada pedaço da minha tristeza.
E um dia me disseram: Quem chora na chuva é mais feliz. Só que a felicidade na melancolia eu nunca encontrei.
Quando a gente chora na chuva ninguém vê, ninguém ouve, a gente chora sozinho. Eu chorei.
Depois daquela conversa eu chorei. Depois daquela noite. Depois das palavras que não encontrei. Fiz chover.
Agora vejo gotas em tudo. Incomodando, fazendo frio, afogando todos os outros sentimentos.
Eu vou te contar tudo. Isso, tudo mesmo! Juro que não esqueço nada.
Isso é passado. É, eu sei… Aquela vez foi mesmo triste. Eu falei e chorei! chorei mesmo na chuva, aquela noite.
Conto sim, mas assim, agora? "Tá tão de repente!" Não, não, claro que não. Não estou nervosa não!
Só preciso buscar as palavras certas.
Sei que você não ficará confortável, e não quero que pense que falo para pressionar.
Ah é, e do que adianta pressionar você? Você é bem resolvida demais.
"Te amo”. É isso. “Te amo”. Quer tomar café amargo?