segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

"uma semana"


Eu gosto de todas as coisas.
Eu gosto do nada. De forma estranha sempre penso que o tudo e o nada se completam.
Sinto que preciso de algo que me complete.
Dessa vez o que será? Aliás,o que não: O que será?
O quem já existe, é total e intenso em algum lugar entre o meu coração.
O algo inexiste. Por mais que deseje ainda é falho.
Apesar do alguém, dos sonhos e pensamentos haverá sempre algo vagando.
Vago em mim eternamente, sem rumo, buscando encontrar algo que não sei e ninguém sabe.
Qual a relação entre tudo, nada e ninguém? O absoluto gostar e querer.
Eu gosto de uma coisa estranha, eu quero o tudo e o nada.
Na mistura de algo que não entendo só sei que me perco em rascunhos e palavras em passos e compassos
de emoções que me envolve e grita para que viva repartida entre isso e aquilo.
De forma estranha sempre penso que o isso e o aquilo se completam.
Porque se completam?
Se é inexistente.
Se tudo e nada se completam!?

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Infinito

Quando criança apreciava a Morte. Não o fato de ver pessoas morrerem e sim, a forma como imaginava o ritual de passagem. O via como uma forma de escape do desespero humano que muitas vezes parecia não ter fim. Ao longo dos anos as coisas não se tornaram muito diferentes, na adolescência ansiei por sua chegada. Por vezes pude senti-la, convidativa, pensativa, chorosa como eu. Tornara-se então, uma companhia.

Após vários encontros quase mortais, hoje, temo a Morte. Sua idéia causa-me dor. Tal dor é causada pela incerteza do que há além. Exatamente o medo da solidão. A Morte, que outrora fora amigável e afável, tornou-se fria e odiosa. Sinto que preciso viver mais.

A morbidez dos fatos ainda me interessa. Sou estranhamente impulsionada a acreditar e refletir sobre os dramas e conflitos do ser humano. Como ser da espécie, vivo, choro, sinto, sou por vezes solitária e angustiada… Respiro o mundo que me cerca. Aprendi a não querer a Morte como companheira. Quero gente, quero vida!

Posso perceber que a solidão não é mérito exclusivo meu e que o mundo da voltas e o fim ainda é incerto, inevitável. Escolhi por viver e me despedi da Morte sem olhar para trás. Quero continuar, não para o sempre ou para o nunca e sim por quem me quer bem, por mim.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

16:12:2009

Como as asas
daquela boboleta
uma canção adormecida.
Era dia de sol
de amor
dia de cuidar.
Jura que volta?
que eu abro os braços
e em meus laços
não te solto mais.

Vira e mexe me pego pesando no passado. Sempre juro deixá-lo de lado e pensar no futuro, mas de um modo estranho ele está sempre invandindo meus pensamentos. Às vezes me faz dar boas gargalhadas e às vezes me faz chorar porque lembranças têm dessas coisas: Não são tão seletivas como gostaríamos que fossem. Quase sempre quando lembro de algo bom ou ruim desejo poder voltar no tempo para reviver os momentos agradáveis que nunca voltaram e modificar os ruins que deixaram marcas em algum lugar lá no fundo do peito. Aí começo a bolar planos mirabolantes de como minha vida poderia ser diferente se esse ou aquele fato mudassem da noite para o dia e acabo percebendo que aquele super clichê é mesmo verdade: Se eu tivesse tomado decisões diferentes, hoje muita coisa não seria como é. Voltar ao passado me faria tomar novos rumos e por isso, no presente eu seria outro alguém. Talvez mais triste, talvez mais feliz… Não sei. Só sei que apesar dos anseios de mudança, quando penso no passado penso como algo que realmente já passou e não pode ser mudado. E sabe o que é mais legal? Com o tempo eu aprendi que o passado deve ser lembrado sim, mas o presente é que deve ser vivido.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Distância

Houve quem dissesse que escrever era a melhor saída, o problema é que a necessidade da troca de olhares é inevitável. Não sei como fazê-la entender o quanto todo esse envolvimento é importante para mim. Em parte a culpa é minha, pois deixei as coisas chegarem a um ponto que nunca deveriam ter atingido. Eu escrevi, e cada palavra está dilacerada e jogada aos pés da minha cama, eu confesso: Não posso tirá-la da minha vida dessa forma. O sentimento é tão forte assim, há uma sintonia tão assustadora que me faz tremer só de pensar em não ter. Um dia aquelas palavras de alguns minutos atrás serão juntadas e recitadas para você como em uma canção de despedida, mas não será hoje e provavelmente não serão as mesma frases. Um “me deixe em paz” é cruel de mais para quem se importa, para quem sente carinho;amor. Só penso em adiar tudo o que sinto me sufoca. 'Porque um dia sei que o verei novamente e mesmo que sejam por algumas horas nós estaremos juntos de novo'. Em silêncio, um significado em todo aquele vazio que restou entre nós.